ainda não foi desta

a realidade é um lugar imaginário. a realidade são, pelo menos, dois lugares ao mesmo tempo para duas pessoas diferentes. a realidade é o que tu dizes e o que eu depreendo das tuas palavras. a realidade é o que tu achas que eu sou, mesmo que eu seja outra coisa. aquilo que acontece num determinado momento, na realidade, pode ter pelo menos duas verdades diferentes. a minha e a tua. e quando assim o é, quando o que vivemos e o que dizemos está condicionado pelas emoções por palavras ditas ou mal ditas, como é que se gerem expectativas? como é que a esperança que temos em alguma coisa, ou em alguém, se torna gerível? a fé também é esperança? quem é que tem fé pela metade? quem é que acredita com restrições? quem é que raio sabe gerir expectativas?

há, num estado primário, duas qualidades de pessoas: há as que acreditam e as que não acreditam. as primeiras nunca saberão gerir expectativas, as segundas nunca serão totalmente felizes. porém, as primeiras, vítimas da sua própria esperança, possam tornar-se tão infelizes quanto as segundas. é quando, depois de perderem a esperança que não sabem gerir, descobrem que não devem acreditar. e é quando não só o descobrem como o entoam em voz alta e distorcem a realidade; destroem a correcta percepção que os outros têm de si. mas porque continuam a acreditar tornam-se, em última instância, numa pessoa que não devia acreditar mas que acredita e, por isso, nunca saberá gerir expectativas: espera tudo, sempre que tem hipótese de ver tudo a acontecer, mesmo que de alguém que nunca será ninguém.

expectativa (eis…èct ou èt)

(francês expectative

s. f.
1. Acto ou efeito de expectar. = ESPERA
2. Esperança baseada em supostos direitos, probabilidades, pressupostos ou promessas (ex.: o livro superou as expectativas).
3. Acção ou atitude de esperar por algo ou por alguém, observando. = ESPERANÇA